sexta-feira, fevereiro 25, 2011

O Discurso do Rei



Eu sempre amei cinema. Filmes sempre me fizeram feliz, mesmo quando me fazem chorar. Posso rever filmes que gosto mil vezes e mesmo assim continuar gostando e uma sala de cinema, para mim, é algo mágico.

Eu sempre amei cinema, mas de uns tempos para cá o encantamento diminuiu. Fui perdendo o gosto de ir ao cinema. Perdendo o gosto por ver coisas novas.

Acho que muito tinha com o fato de que em muitos filmes os efeitos especiais serem a principal oferta e não a história. E também com o fato dos efeitos especiais terem tomado o lugar das boas atuações. Isso me irritava e me deixava triste.

Quando vi que O Discurso do Rei estava saindo, imaginei que poderia ser interessante, que eu poderia querer ver. Tudo muito sem uma real vontade. Dai vi o elenco com Geoffrey Rush e Colin Firth e a vontade aumentou um pouquinho. Afinal, são dois atores brilhantes, talvez o filme fosse mesmo bom. Quando vi o trailer me encantei. Prometi que iria ver e que sairia do meu jejum de cinema.

Que bom que eu cumpri com a minha promessa. Que bom que fui ao cinema para assistir esse filme.

Tudo ali gira em torno de três grandes atores - e não é que a Helena Bonham Carter pode voltar a fazer algo em que ela não tenha que ser estranha - que sabem o que fazer com o roteiro que lhes foi dado e que sabem atuar.

Para mim, foi isso. Um filme com lindas e grandes atuações. Simplesmente isso. Graças a Deus. Um filme que fala de superação, de realeza e tem todos aqueles ingredientes de filme para dar certo, mas que no fundo só da certo porque aquelas três pessoas sabem exatamente o que fazer e saber o seu limite sem interferir no limite do outro.

Muitos disseram que a Helena Bonham Carter desaparece no filme, eu não concordo, acho que ela faz exatamente o que tem que fazer para o papel que lhe foi dado, e faz lindamente.

Colin Firth está maravilhoso, toma para si o filme inteiro e mostra que é um grande ator. Quase morri de rir nas cenas de palavrão e porque ele as fez maravilhosamente bem, não só porque o texto é bom.

Mas para mim foi Geoffrey Rush. Ele não é melhor que os outros dois. Não é isso que estou falando, mas ele me encantou. Ele me encantou justamente por saber o exato tamanho do seu papel e por dar o espaço para que quem brilhasse fosse o Colin Firth, sem nunca deixar de ser notado.

Não estou me importando se o filme vai ganhar o Oscar, não ligo se as pessoas falam que ele é medíocre ou apenas correto. Que ele segue uma formula para ser bom. Que o diretor não teve trabalho - para mim ele foi apenas esperto o suficiente para perceber que com o grupo de atores que tinha não precisava fazer muito e sim tinha é que não interferir. O que me importa é que esse foi o filme que fez com que eu visse que ainda existem filmes que são apenas sobre as atuações. Sobre grandes atores fazendo um lindo trabalho com o roteiro que tem. Sem grandes efeitos, sem grades reviravoltas. Esse foi o filme que me fez voltar a gostar de cinema.