segunda-feira, setembro 30, 2013

É!


Quando todas as manifestações começaram, quando o povo começou  sair na tua pra gritar por algo novo, eu fiquei confusa. Confusa, porque não sabia o que pensar de tudo. Confusa porque achava que faltava foco. Porque achava que tinha vandalismo demais, bandeira política demais, artistas demais. Mas eu pensei muito sobre tudo, e esses pensamentos acabaram virando um e-mail para o Rhica, que tinha o título de "Tomara" . Esse e-mail dizia o seguinte:

Amor,

Hoje, ao ler as notícias sobre as manifestações de ontem, fiquei pensando no motivo. O que motiva milhares de pessoas a sair às ruas e gritar com força que "ou pára a robalheira ou paramos o Brasil"? Será que são mesmo os R$0,20 do ônibus? Será que são os ônibus lotados e sem estrutura? Será que é o colapso do transporte público? Ou será que é mais?


É a fila para um atendimento no posto de saúde que é feito sem cuidado ou dignidade?

É a fila para que seu filho tenha lugar na escola pública mais perto da sua casa (ou pelo menos não tão longe), para que ele não aprenda?

É a eleição do Renan Calheiros para Presidência do Senado depois de tanto protesto, tanto pedido, tantas assinaturas?

São os estádios da Copa começados e não terminados, com um gasto absurdo do dinheiro público?

São os aeroportos que não funcionam?

É a alta carga tributária da qual não se vê destinação?

É a robalheira deslavada do dinheiro público, meu, seu, nosso?

É a polícia despreparada e desestruturada que não sabe lidar com manifestação?

É a super população prisional, que não reeduca, não reabilita, não faz ninguém melhorar?

São as muitas formas que se encontra para levar um celular para dentro da cadeia sem que ninguém "veja" nada ou "faça" nada?

Ou é tudo isso e muito mais? Muito, muito, muito mais...

Eu sou brasileira. Com orgulho. O amor por meu país é, para mim, algo que está além do que posso explicar. Esse amor que me faz chorar toda vez que ouço o hino, que me arrepia quando eu olho nosso mapa e vejo o tamanho e a grandeza dessa terra linda. Esse amor que me faz seguir.

Pelo meu país sou capaz de tudo. Ele me fortalece e me enche de alegria. 
Esse país gigante e cheio de graça e sorrisos.

Faço parte dessa geração meio dorminhoca, meio apática, que não sabe pelo que lutar ou, talvez, não saiba como lutar. Essa geração que viu sentada o país ser governado por um dos governos mais corruptos e ... deixou. Essa geração que parece não acordar, mesmo depois do mensalão, mesmo depois das denúncias, mesmo depois de tantas provas.

Então, apesar do vandalismo, apesar de não concordar com a maioria das bandeiras políticas levantadas nas manifestações, apesar de achar que, pode ser que tudo não passe de fogo de palha, tem um lado meu que fica feliz. Feliz em ver minha geração acordar e gritar e brigar por um país melhor. Tomara que dê certo, tomara que melhore. E lendo o texto escrito pelo Jair Oliveira, não tem como não se emocionar:


Jair Oliveira (@jairoliveira), cantor, no Twitter: "Eu vi; juro que vi! Hoje eu vi de perto um gigante. Bem de perto mesmo... Possuía milhares de olhos, bocas e corações. Mas não era como aqueles gigantes das histórias infantis que, geralmente, habitam terríveis pesadelos nas noites de imaginativas crianças. Era um gigante determinado, porém nada agressivo. Calmo, mas de forma alguma apático. Cansado, mas nunca vencido. Admirei com estes olhos que ganhei do divino o incrível poder deste gigante, com quem nunca imaginei esbarrar nesta minha insignificante aventura na Terra. Mas esbarrei... Graças ao bom Pai, esbarrei nesta criatura que há muito tempo estava adormecida, quase que em coma induzido, pois a nada reagia, por nada despertava. Agora despertou faminto. Faminto não por miudezas (como muitos sugerem); faminto sim por justiça, por dignidade, por respeito e glória; muitas glórias. Espero que o gigante tenha descansado o suficiente para tão cedo não pensar em voltar a dormir. E pelo o que vi hoje, não dormirá jamais. Eu sim vou dormir bem, muito bem. Mas dormirei tranquilo, na certeza de que hoje (17/06/2013) não terei pesadelos. Pois sonharei com um gigante! #mudabrasil #ogiganteacordou".
Beijos.

Ok! O texto pode até ser meio desconexo, mas acho que dá para entender o sentido do que eu estava sentindo naquele momento. Mas dai o tempo passa e vem mais robalheira, vem mais notícias, vem embargos infringentes no STF, vem gente desviando mais dinheiro e muda o sentimento. 

Hoje, pela manhã, escutei uma notícia simples no rádio. Os vereadores de Sarandi (cidade no interior do Paraná), gastaram até setembro cerca de 140 mil com diárias. Sarandi conta com 11 vereadores (pelo que me lembro) e eles gastaram 140 mil reais em diárias! Só para ter uma idéias, Maringá, cidade próxima e bem maior, que tem 6 vereadores a mais gastou 7 mil. Sabe o pior de tudo? A noticia não espanta, só deixa triste.

Nessas horas eu percebo que pouco muda e da aquela sensação de que não adianta gritar, não adianta pedir, cantar, levantar cartaz... Nada muda. Mas a gente, continua tentando.

Gonzaguinha morreu em 1991, é dele a música É!. Da só uma olha se ela não é absolutamente atual:

É!
A gente quer valer o nosso amor
A gente quer valer nosso suor
A gente quer valer o nosso humor
A gente quer do bom e do melhor...
A gente quer carinho e atenção
A gente quer calor no coração
A gente quer suar, mas de prazer
A gente quer é ter muita saúde
A gente quer viver a liberdade
A gente quer viver felicidade...
É!
A gente não tem cara de panaca
A gente não tem jeito de babaca
A gente não está
Com a bunda exposta na janela
Prá passar a mão nela...
É!
A gente quer viver pleno direito
A gente quer viver todo respeito
A gente quer viver uma nação
A gente quer é ser um cidadão
A gente quer viver uma nação.
..
É! É! É! É! É! É! É!...



terça-feira, agosto 20, 2013

Para sempre.


Hoje faz 1 mês. 1 mês daquele dia em que tanta gente querida me viu casar com ele. Eu continuo feliz como estava no dia. Com aquele sorriso bobo que não quer sair do rosto. 
Foram quase 5 anos entre namoro e noivado para que a gente conseguisse se casar. Cinco anos felizes e cheios de graça. Com brigas e choro (Alô!! Sou eu! Eu choro.), mas com muito mais alegrias, sorrisos, abraços, beijos. 

Nós fomos amigos antes de sermos namorados e hoje continuamos amigos, mesmo casados. Acho que é isso que faz a diferença. Nós gostamos de coisas iguais. Sim. Mas também nos interessamos por coisas tão diferentes. Um ensina pro outro um pouco e assim os dois crescem e evoluem. Nós discutimos política, religião e futebol e o que mais vier na cabeça e quase nunca brigamos por isso. 

Quando resolvemos casar, resolvemos que escreveríamos nossos votos. E eu escrevi. Mais de 1 ano antes eu escrevi. Guardei tão bem guardado no computador que na hora não encontrei. O casamento era às 19h e eram 18h40 e eu estava sentada na mesa da sala escrevendo meus votos, tentando lembrar de tudo que queria dizer para ele. 

E o que eu disse foi o seguinte:

"Rhi,
Muitas pessoas já me perguntaram como funciona minha fé em Deus. Como, desde pequena, eu sempre tive certeza de Sua existência.
Para mim, sempre foi fácil. Deus está em tudo.
Está em cada ruga na mão de um idoso. Está nos diferentes tons de verde que existem nas folhas das árvores. Está em cada olhar de compaixão com o próximo. Está em cada sorriso.
Deus, com toda sua sabedoria, era Aquele que fazia eu, uma pessoa que não sorria para desconhecidos, quando te encontrava na faculdade, sorrisse.
Era Ele que sussurrava no meu ouvido: “Sorria Flávia, esse é o homem da sua vida”.
Você é meu melhor amigo, meu companheiro, o homem da minha vida. E hoje, diante das pessoas que eu mais amo, diante das pessoas que você mais ama, diante de Deus, eu te prometo: meu respeito, minha admiração, minha lealdade, meu amor.
Hoje e sempre”

Os votos dele foram lindos. Eu até tenho aqui, escritos em uma caderneta vermelha, com a letra dele, mas esses eu quero guardar para mim. 

Os meus, eu queria poder gritar para o mundo, pois cada uma dessas promessas é verdadeira. Cada uma delas. Eu amo ele. Mais do que digo, mais do que demonstro.

Nós estamos só começando nossa vida. Começando a trilhar esse caminho. Mas a promessa foi para ser para sempre. E eu costumo cumprir minhas promessas. Afinal, ele é o meu melhor amigo, meu companheiro, o homem da minha vida. 




segunda-feira, setembro 26, 2011

Solidão e Melancolia



Sabe aquela coisa de estar se sentindo sozinha no meio de montes de pessoas? Eu sinto isso com freqüência. A tal solidão...

Não é necessária estar sozinha para me sentir assim. E também independe de a pessoa que está ao meu lado ser alguém que eu ame ou não. É só um sentimento dentro do peito que faz com que eu me sinta alheia ao mundo e as pessoas, e que aperta o peito.

Sempre liguei essa sensação com a melancolia que sinto. Aquele "nozinho" no meio do peito que as vezes está mais frouxo, as vezes mais apertado, mas sempre está lá. A melancolia tão ligada aos portugueses e seu fado e com a qual eu convivo faz muito tempo.

Melancolia e solidão para mim sempre andaram de mãos dadas. Dois apertos no peito que vivem dentro de mim e que eu não posso explicar para outras pessoas.

Ultimamente tenho resolvido me livrar deles. Abrir o peito, desfazer os "nozinhos" e respirar mais livre. Não é fácil e então eu cuido de um de cada vez.

Primeiro a melancolia... Um passo de cada vez. Entender que não, ela não faz parte de mim desde sempre, ela não é algo inerente à minha pessoa, que eu posso sim me livrar dela. Não há nada de errado em sentir tristeza vez ou outra, mas há tudo de errado em deixar com que isso passe a ser parte de você de forma que você nem sem lembra como é viver sem.

Os nós tem se soltado, o peito está sim mais aberto, parece que ela não está ali sempre ou, se está, não é tão forte ou tão incômoda. Aos poucos eu vou me livrar dela, e quando me livrar corro para mandar embora a solidão.

O mais legal é que percebo cada vez mais como as duas estão ligadas, pois me livrando da melancolia, sem querer, tenho sentido cada vez menos só.

quinta-feira, setembro 22, 2011

O Grito.



Tem dias que eu me pego querendo ser outra pessoa. Não outra pessoa por completo, não mudar tudo que tenho, mas algumas coisas.

Dias que eu me pego querendo ser capaz de gritar com as pessoas que me machucam. Querendo responder as grosserias do mundo e querendo simplesmente dizer que eu também fico brava.

Todos que me conhecem dizem que eu sou brava, que eu sou irritada, que eu perco fácil a paciência, o que elas não percebem é que de brava eu tenho pouco, eu sou mesmo é contida. Poucos são os que já me ouviram gritar ou responder de verdade o que eu acho ou levantar para me defender.

Pode estar aí o grande problema da coisa, eu defendo os outros. Ai de quem mexer com aqueles que eu amo e eu quero bem. Mas para dizer "Não fala assim comigo!"... demora. Muito.

Hoje é um dia em que eu simplesmente queria poder gritar. Gritar para o mundo, que sim eu sei que não faço tudo que deveria, mas faço o que posso, do jeito que posso e que também fico frustrada comigo, portanto ninguém precisa ficar apontando todos os meus erros.

Hoje era um dia em que eu queria simplesmente gritar e tirar esse coisa de dentro do peito.


Contudo, eu respiro fundo e fico quieta, tento entender e relativizar o que me dizem, porque afinal ninguém tem a obrigação de saber que está me machucando, já que eu sou incapaz de falar.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

O Discurso do Rei



Eu sempre amei cinema. Filmes sempre me fizeram feliz, mesmo quando me fazem chorar. Posso rever filmes que gosto mil vezes e mesmo assim continuar gostando e uma sala de cinema, para mim, é algo mágico.

Eu sempre amei cinema, mas de uns tempos para cá o encantamento diminuiu. Fui perdendo o gosto de ir ao cinema. Perdendo o gosto por ver coisas novas.

Acho que muito tinha com o fato de que em muitos filmes os efeitos especiais serem a principal oferta e não a história. E também com o fato dos efeitos especiais terem tomado o lugar das boas atuações. Isso me irritava e me deixava triste.

Quando vi que O Discurso do Rei estava saindo, imaginei que poderia ser interessante, que eu poderia querer ver. Tudo muito sem uma real vontade. Dai vi o elenco com Geoffrey Rush e Colin Firth e a vontade aumentou um pouquinho. Afinal, são dois atores brilhantes, talvez o filme fosse mesmo bom. Quando vi o trailer me encantei. Prometi que iria ver e que sairia do meu jejum de cinema.

Que bom que eu cumpri com a minha promessa. Que bom que fui ao cinema para assistir esse filme.

Tudo ali gira em torno de três grandes atores - e não é que a Helena Bonham Carter pode voltar a fazer algo em que ela não tenha que ser estranha - que sabem o que fazer com o roteiro que lhes foi dado e que sabem atuar.

Para mim, foi isso. Um filme com lindas e grandes atuações. Simplesmente isso. Graças a Deus. Um filme que fala de superação, de realeza e tem todos aqueles ingredientes de filme para dar certo, mas que no fundo só da certo porque aquelas três pessoas sabem exatamente o que fazer e saber o seu limite sem interferir no limite do outro.

Muitos disseram que a Helena Bonham Carter desaparece no filme, eu não concordo, acho que ela faz exatamente o que tem que fazer para o papel que lhe foi dado, e faz lindamente.

Colin Firth está maravilhoso, toma para si o filme inteiro e mostra que é um grande ator. Quase morri de rir nas cenas de palavrão e porque ele as fez maravilhosamente bem, não só porque o texto é bom.

Mas para mim foi Geoffrey Rush. Ele não é melhor que os outros dois. Não é isso que estou falando, mas ele me encantou. Ele me encantou justamente por saber o exato tamanho do seu papel e por dar o espaço para que quem brilhasse fosse o Colin Firth, sem nunca deixar de ser notado.

Não estou me importando se o filme vai ganhar o Oscar, não ligo se as pessoas falam que ele é medíocre ou apenas correto. Que ele segue uma formula para ser bom. Que o diretor não teve trabalho - para mim ele foi apenas esperto o suficiente para perceber que com o grupo de atores que tinha não precisava fazer muito e sim tinha é que não interferir. O que me importa é que esse foi o filme que fez com que eu visse que ainda existem filmes que são apenas sobre as atuações. Sobre grandes atores fazendo um lindo trabalho com o roteiro que tem. Sem grandes efeitos, sem grades reviravoltas. Esse foi o filme que me fez voltar a gostar de cinema.