segunda-feira, dezembro 06, 2010

Saudades



Já diria Noel Rosa


"Adeus! Adeus! Adeus!
Palavra que faz chorar
Adeus! Adeus! Adeus!
Não há quem possa suportar

Adeus é bem triste, que não se resiste
Ninguém jamais com adeus, pode viver em paz"



Existem os chamados 5 estágios do luto. Teoricamente todos temos que passar por eles quando perdemos alguém ou passamos por alguma experiência traumática. A negação, a raiva, a barganha, a depressão e, por fim, a aceitação. Toda vez que me vi diante da situação de perder alguém não me dei conta se passei ou não por estes estágios, mas hoje, tempos depois, percebo que sim.

Perdi algumas pessoas que amava, que me eram queridas, importantes, e que me fazem falta. Quando descobri que elas estavam doentes eu primeiramente neguei que fosse serio, depois fiquei com raiva porque aquela pessoa não merecia, depois pedi muito a Deus para que não a levasse, para que deixasse só mais um pouco, só mais um ano, um natal, um ano-novo, um aniversário, depois chorei por dias e comi, que é o que faço quando me encontro deprimida e por fim, me encontrei desejando que ela não sofresse mais, que fosse em paz e com tranqüilidade.

Depois que perdi qualquer uma dessas pessoas que amava também passei por estes cinco estágios novamente, porque por mais que eu tivesse aceitado, rezado, pedido, a dor foi maior que a vontade e lá estava eu novamente na negação. Mas enfim, após passar por todas elas, chega o ultimo e eu passo a aceitar.

Costumo dizer que nunca deixamos de sentir saudades de quem amamos, mas que a saudades encontra um lugar dentro do peito e se acomoda ali. Deixa de ser incomoda, deixa de ser dolorida. Conseguimos sorrir com lembranças, conseguimos lembrar de verdade sem ser algo clichê, conseguimos pensar com calma, nos damos até ao luxo de não pensar, de esquecer, de deixar passar.

Mas ela está lá, acomodada, quieta, mas lá. E tem dias que parece que todos os estágios anteriormente superados voltam com força total e eu simplesmente esqueço que já tinha atingido a aceitação. São coisas simples que fazem com que eu perceba que nunca mais vou ter aquelas pessoas, coisas simples que doem muito mais do que qualquer história complexa que eu possa lembrar.

Recorrentemente é a voz. É me dar conta que eu não lembro mais da voz dessas pessoas e que eu não tenho mais como lembrar, pois elas nunca mais vão falar comigo. Para as histórias eu tenho minha memória que é muito boa. Para os rostos eu tenho as fotografias. Mas nada me traz a voz ou o sotaque. Nem mesmo o Chico Buarque ou um bom Fado. E lá vou eu de novo, trabalhar para chegar à aceitação.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Enxaqueca



Eu tenho enxaqueca desde pequena. É uma dor que não da para explicar e que torna as coisas levemente complicadas. Primeiro é importante explicar que enxaqueca não é sinônimo de dor de cabeça forte. Já tive dores de cabeça fortíssimas que não eram enxaquecas e já tive enxaquecas mais fracas que não chegavam perto de uma dor de cabeça forte. Enxaqueca é uma junção de sintomas que incomodam muito. Mesmo.

Tem, claro, a dor de cabeça. Forte ou fraca ela é incomoda por si só. Mas tem também enjôos, dores no corpo, visão prejudicada... Muitas outras coisas. Traduzindo, um pacote completo. Entre as dores físicas que já tive (elas não foram muitas não, mas é meu único ponto de comparação) está sem dúvida entre as piores. Cólica renal é de matar, mas são tão mais raras do que enxaquecas...

Taí meu maior problema com a enxaqueca, a constância. Eu tenho muita enxaqueca. Muitas vezes. Muitos dias. Certamente todos os meses. Claro, tem um pouco de culpa minha. Eu não vou muito a médicos, nem sigo tratamentos. Mas também tem os fatores externos e o genético que fazem com que eu me desespere toda vez que começo a ver os pontinhos brilhando pelo canto de olho. 

Tem um amigo meu que me chama de garota enxaqueca. Acho que não é só por eu sofrer com enxaquecas constantes, mas também por eu não ser a pessoa mais bem humorada do mundo. É mais sobre isso que eu quero falar hoje. Sobre a enxaqueca da personalidade.

Muitas vezes eu vejo como as pessoas são leves e engraçadas e como elas riem de tudo ou fazem as pessoas a sua volta rirem. Eu não sou assim. Até me esforço para ser engraçada, para fazer piadas, para rir de tudo e não levar tudo tão a sério. Mas não é meu jeito e, definitivamente, eu não sei contar piadas.

Eu sempre fui mais séria. Sempre fui de falar sobre assuntos mais sérios. Seja sobre política, seja sobre coisas mais pessoais eu tendo a levar o assunto para o lado da seriedade e não da brincadeira. Dai eu me pergunto: Será que isso é bom? Será que é saudável? Será que não deixa a vida mais pesada?

Não saberia responder, não sei ser de outra forma. Mas acho que sim. Acho que no fundo quando nós nos levamos muito a sério, levamos os outros muito a sério, levamos o mundo muito a sério, a vida fica mais chata , mais pesada e mais sem graça. Acho que deve ser tão bom fazer as pessoas rirem. Acho que deve ser tão mais feliz.

Mas isso não sou eu, então eu me aproveito das palhaçadas dos outros. Os comentários da minha Coisa, por exemplo, sempre conseguem tirar um sorriso de mim. Reuniões de família com tias também. E, sem dúvida, não há nada tão engraçado como meu pai e minha madrinha juntos. Porque sim, eu sou uma garota enxaqueca, nos dois sentidos da coisa, mas isso não impede que eu dê muita risada e sorria muito com as coisas mais bobas e lindas da vida.

terça-feira, setembro 28, 2010

O que me faz feliz!

Cheesecake feita para Aninha!



Uma das coisas que mais me faz feliz no mundo é, sem duvida, cozinhar. Poucas coisas me deixam tão contente ou calma, como horas na cozinha em frente a uma infinidade de ingredientes e um fogão. Sempre que me perguntam o motivo de eu gostar tanto eu não sei muito bem como responder.

Pensando sobre isso, acho que é o cuidado. Eu simplesmente gosto de fazer coisas que exigem meu cuidado e atenção. E cozinhar, exige atenção! Exige cuidado. Carinho. Amor. E, claro, um pouco de paciência. Porque nem sempre sai como a gente quer.

Seja algo simples como uma cheesecake - e acredite, é simples - ou complicado como meu bolo de aniversário, a atenção tem que ser a mesma. E tem que ser total. E isso é ótimo.

Eu me desligo completamente quando estou cozinhando. Me desligo de problemas e de pensamentos que me deixam triste. Sou simplesmente eu e algo para ser feito. Algo que eu sei fazer e que eu sei que se me dedicar vai ficar bom. 

Claro, as vezes eu erro e não posso mentir que fico muito triste. Triste de ficar quieta e de não ter mais vontade de fazer nada, porque é sempre ruim quando você se dedica a alguma coisa e ela não sai como imaginou. É frustraste, chato e estraga meu dia. Mas passa e depois é só tentar outra vez que dá certo.

Poucas coisas me fazem mais feliz do que terminar um bolo e ele ficar lindo. Lindo para mim e para os outros. Taí outra beleza de cozinhar. É algo que eu faço para mim, que me deixa feliz, que faz com que eu me sinta bem, mas também é algo que eu faço para as pessoas que amo e que deixa elas felizes e nada, nada mesmo, me deixa mais feliz do que deixar aqueles que amo felizes. É tão bom você preparar algo com carinho por alguém e esse alguém gostar. É feliz demais você ver alguém comendo sua comida com prazer mesmo. 

Minha comida preferida não é a minha. Mamãe é boa demais nisso e nada no mundo é melhor do que seu peixe com camarões e creme de leite ou seu caldo-verde em um dia de frio. É nela que eu penso quando estou cozinhando. Um dia, eu vou cozinhar tão bem quanto ela. Vou sim. Mas tenho certeza que ainda vou continuar preferindo a comida dela a minha. Porque apesar de eu amar comer, a graça em cozinhar, para mim, não está em comer. Comer é só uma conseqüência.... Não é mesmo a melhor parte.

Na verdade, na verdade, acho que a graça de cozinhar é que ali é um dos poucos momentos em que eu não penso em mais nada, em que eu não intelectualizo nada, em que eu só sinto e faço e da certo! Porque acreditem, quase sempre, dá certo! Portanto, se um dia alguém quiser me fazer feliz  é só pedir para eu cozinhar algo. Pode ter certeza que eu vou fazer com carinho, e caso não fique bom, eu prometo pagar a pizza.


quinta-feira, setembro 09, 2010

Um Dia...


Faltando um dia para o meu aniversário me coloquei a pensar sobre o ano que passou... Sobre as coisas ruins, boas, felizes, estranhas, inusitadas... Sobre os acontecimentos grandes e pequenos. Sobre as coisas superadas e aquelas que ainda precisam de muito, muito trabalho e paciência.

Poderia falar daqueles acontecimentos maiores que a gente comenta com os amigos e para a família. Poderia falar sobre aquilo que me fez pular por não acreditar que estava acontecendo ou que me fez querer sair ligando para todos. Mas destes eu já falei, para aqueles que queria falar e destes eu provavelmente voltarei a falar.

Mas o que me pegou mesmo foram as pequenas coisas. Aquelas que a gente nem da atenção no quando acontecem, mas que fazem a vida ter um sentido tão especial que faz toda a diferença para se ser ou não feliz. Tantas pequenas coisas acontecem e eu não dou o devido valor que resolvi fazê-lo agora.

Como aquele dia em que eu e o Rhi acordamos tarde e resolvemos fazer panquecas e conversar e minha mãe apareceu para tomar café conosco e estávamos todos felizes e tranqüilos e sorridentes.

Ou o café com a minha madrinha em Porto Alegre e a cumplicidade que eu senti com  uma pessoa tão importante que mora tão longe.

Tem também aquele dia em que o Bru ficou comigo até mais tarde no msn, mesmo que ele já tivesse terminado as coisas dele só porque eu queria companhia.

Os inúmeros abraços do meu pai. Os apertados, os leves, os que parecem que tiram o peso das costas, os que parecem que ele entende exatamente o que está se passando comigo.

Os inúmeros telefonemas da minha mãe que me incomodam e me fazem querer não atender, mas muitas vezes me fazem rir e pensar como alguém pode gostar tanto de telefonemas.

As vezes em que a Coisa falou "Beijo na bunda" esperando que eu falasse "até segunda" e eu mandei ele se tratar.

A quantidade de risada dadas ao telefone com as Anas.

O Rhi e sua hipocondria tão linda.

As vezes em que a Fá ligou só para dizer que estava com saudades.

Os cafés com a outra Fá em que nós falamos de tudo e eu percebo que tenho mesmo uma amiga ali.

O Bru arrumando o blog sem pedir nada em troca.

Ser e Coisa vindo me visitar, mesmo eu estando com gripe do porco e eles estarem morrendo de medo de pegar.

A quantidade de vezes em que me peguei olhando pro Rhi e pensando em como eu amo ele e saber que ele me ama também.

As noites em que o Rhi tentou ficar acordado comigo e conversando e a quantidade de risada que dei com os olhos fechando e abrindo.

As incomodações do Jorginho que fazem com que eu sinta que ele realmente gosta de mim como eu gosto dele.

Os dias de céu de brigadeiro com frio que eu acho tão lindos.

A quantidade de vezes que escutei a Tata dizer que queria "morder" as peças do quebra-cabeças quando as coisas começam a complicar.

Todos os cafés que ela me trouxe sem brigar ou reclamar e que fazem com que eu me sinta verdadeira amada.

A descoberta da família do Rhi que faz com que eu queira sorrir.

Gui e Rozinho me chamando de tia.

As vezes em que juntamos a família e fomos tão portugueses como podemos ser.

O Ser lutando pra ficar acordado só porque ele estava aqui e eu não parava de falar e ele mesmo com sono não foi embora cedo pra ficar comigo.

Os abraços, beijos, mensagens diárias, carinhos e cuidados do Rhi.

As crises de riso com a minha mãe e o jeitinho dela de ficar irritada quando eu brinco com o cabelo dela.

E, tanta, tantas outras vezes. Tantos outros momentos. Eles realmente fizeram o ano valer a pena.

Portanto, que venha o próximo, cheio de novos lindos e pequenos momentos que fazem com que eu seja uma pessoa tão sortuda...

domingo, agosto 29, 2010

Signo e Inferno Astral


Signo, inferno astral eu nunca fui muito de acreditar nessas coisas. Um pouco todo mundo acredita. Todo mundo tem um pouquinho do que o signo descreve. Mas dai a achar que isso afeta minha vida de maneira irremediável, para mim já é demais.

Tenho sim coisas tipicamente virginianas. Sou chata e metódica como toda virginiana é. Sou organizada, ao ponto do TOC, com algumas coisas como só virginianos podem ser. Cobro muito de mim e dos outros e adoro pessoas racionais e intelectuais. Penso demais e rápido.

Mas isso não é tudo que tenho e não é tudo que sou. Meu quarto é uma zona na maioria dos dias. Eu choro até em filme B. Consigo me condoer com as dores alheias, as vezes mais do que com as minhas. Acho que todo ser humano, do mais simples ao mais nobre, merece meu amor, carinho e respeito. Não consigo organizar meus pensamentos a não ser que me esforce muito para tanto.

Sou virginiana sim. Gosto de ser. Mas sou muito mais. Sou multifacetada como qualquer pessoa é. Tenho um pouco de cada uma das pessoas que conheci e que me ensinaram coisas boas. Tenho um pouco de cada uma das pessoas que me amam e que eu amo. Afinal elas são partes de mim e eu delas. Dessa forma tenho um pouco de cada um dos signos.

Mas nessa época do ano, quando meu aniversário está chegando eu sempre passo a acreditar um pouco mais. É que, para mim, o dito inferno astral é inevitável. O meu problema não é o fazer aniversário, eu adoro o dia do meu aniversário, sempre fico feliz, sempre quero mais.

O problema está justamente ai, se eu gosto tanto de fazer aniversário - e eu gosto - por que eu fico tão mal humorada e sensível nos dias que antecedem o dia? Não sei explicar. Sei que fico. Sempre fiquei. Pode ser um medo de crescer - que eu tenho, sei que tenho e admito ter. Pode ser o medo dos planos não darem certo - porque eles nem sempre dão e eu planejo muito minhas festas. Pode ser a constatação que mais um ano passou e eu não fiz nem metade do que queria, do que podia, do que as pessoas esperavam de mim, do que eu esperava de mim. Pode ser uma mistura de todas essas coisas.

Honestamente, eu não sei o motivo de ficar assim, mas se tem uma coisa que me acalma é saber que o período dura apenas uns 15 dias e ele passa rápido e sem conseqüências. E dai eu tenho o dia do meu aniversário para ficar feliz e comemorar e agradecer por mais um ano de vida, cheio de dores e tristezas, mas muito mais cheio de alegrias e prazeres.

sábado, agosto 21, 2010

Brigas Nunca Mais

Tem uma música do Tom Jobim que tem esse nome. Brigas Nunca Mais. Ela é linda. Letra e música. Como são a maioria das músicas do grande maestro. Mas hoje eu fiquei pensando nela.

Lá em seus últimos versos ela diz:

E o nosso amor mostrou que veio pra ficar
Mais uma vez por toda a vida
Bom é mesmo amar em paz
Brigas nunca mais

Como seria bom se isso fosse possível. Como seria bom poder ter amor de filme e música, daqueles que quando tem tristezas a gente sabe que no final fica tudo certo. Na vida não é assim. Na vida a gente briga, fica triste, chora. Mas é bom quando passa.

Mas melhor que ter amor de música e filme é ter um amor de verdade. Melhor é descobrir que você tem alguém com o qual você briga, pelo qual você chora, mas mesmo assim vale a pena. Mesmo assim você quer ele ao seu lado. Mesmo quando está brava.

Bom é ter aquela pessoa que te faz querer ser melhor todos os dias, para ser melhor para ele e para você. Bom é ter alguém cujo abraço te acalma, o sorriso te faz sorrir e a companhia é a melhor do mundo.

Aquele alguém que tem dias que você quer matar, mas basta um pedido de desculpas que tudo está certo outra vez. Bom mesmo é ter alguém com o qual você possa ter silêncios confortáveis e conversas sobre tudo.

Eu tenho esse alguém E ele me faz sorrir, chorar, brigar, mas mais que qualquer coisa, ele faz de mim uma pessoa melhor e faz com que eu queira melhorar a cada dia para ele.

Seria ótimo se os versos da musica se aplicassem e pudessem não existir mais brigas. Mas isso não é possível e, no final das contas não há nada como fazer as pazes.

Brigas nunca mais não dá para garantir. Mas meu amor, por muito tempo, isso sim eu posso prometer.

O Mágico de Oz


Tem aqueles filmes que marcam nossas vidas. Quando me perguntam qual é o meu filme preferido eu sempre dou uma lista que vai d'O Sétimo Selo, até Sobre Meninos e Lobos - ai Deus, preciso começar a gostar de filmes mais animadores. Mas volta e meia eu esqueço aquele que é o preferido entre os preferidos. Não sei o motivo, mas volta e meia eu esqueço da existência do filme maluco, metade em preto-e-branco, metade em cores que me conquistou quando eu era criança.

Lembro de ser criança e ficar encantada com a história, as cores, as musicas, as personagens. Era tudo tão lindo, tão perfeito, tão mágico. Lembro de desejar poder ir para o mundo de Oz e poder conhecer o homem-de-lata. Sabe Deus porque, mas ele sempre foi meu personagem preferido. Acho que era porque ele queria um coração e eu sempre achei isso tão bonito e singelo.

Depois mais tarde, lá na fase pentelha da adolescência, eu, claro, tive que verificar a suposta sincronia entre o filme e o álbum Dark Side of the Moon do Pink Floyd. E fiquei encantada por ela realmente existir. Claro, não me fez gostar mais de Pink Floyd, mas me fez amar ainda mais o filme.

Fiquei anos sem ver. Anos mesmo. Acho que chegou uma época em que eu nem lembrava dele. Até encontrar o DVD, uns 3 anos atrás, e viciar novamente. Assisti dias seguidos. Colocava só para ouvir as músicas, deixava rodando enquanto fazia outras coisas. 

Parei de assistir por um tempo, até que ontem uma personagem de uma série falou uma frase do filme e eu tive que assistir novamente. Sabe de uma coisa? Continua maravilhoso. a história, as cores, as músicas, as personagens. Continua me fazendo sorrir. Continua sendo o preferido entre os preferidos. E eu continuo querendo poder visitar o mundo de Oz só uma vez, só para dar uma espiadinha. Me apaixonei pelo Totó, pelo Espantalho e pelo Leão. Mas o Homem-de-Lata continua sendo o preferido.Ele, e claro, os sapatinhos de rubi da Dorothy... 

Talvez isso seja um sinal que eu não tenha crescido. Que bom. Torço para que todo mundo tenha um ladinho dentro de si que não cresça e que ainda possa se encantar com o filme preferido da infância.

quarta-feira, agosto 18, 2010

Irmãos.

Hoje enquanto o Bru arrumava a zona aqui do Blog eu fiquei ouvindo Beatles e me deu uma saudades, um aperto, uma felicidade, uma melancolia. Tudo isso misturado. Tudo ao mesmo tempo. Tudo por conta do pensamento ter se voltado para duas pessoas.

A maioria das pessoas responde que as pessoas mais importantes de suas vidas são seus pais, seus maridos, esposas, namorados, namoradas... Para mim, as pessoas mais importantes são meus irmãos. São eles os únicos capazes de me fazer ter toda a gama de sentimentos

Minha Coisa e Meu Ser, como são carinhosamente chamados.

Meus melhores amigos, mesmo não sendo muito presentes.

Meus exemplos, mesmo quando fazem besteira.

Meus pontos de equilíbrio, mesmo quando tudo parece que vai desmoronar.

Meus sorrisos, mesmo que sejam os únicos que conseguem fazer eu chorar de raiva.

Meus amores, mesmo que eu nunca diga isso para eles.

Eles são aquelas duas pessoas, que sempre, independente de morarem aqui, em São Paulo ou em Itaqui, que eu sei que posso ligar, posso rir, posso chorar, posso brigar, posso errar, posso sumir, que eles vão estar lá, firmes, fortes e junto comigo.

Quando o mundo parece frio demais, quando eu acho que eu não vou dar conta de aguentar o aperto no peito, quando eu me sinto completamente só, eu penso neles e as coisas parecem se acertar. Penso nas besteiras de um e na seriedade do outro. Penso no abraço de um e nas ligações do outro. Penso nas cartas de um e no olhar do outro. Penso na gargalhada de um e no sorriso do outro.

Quando as coisas realmente não estão boas eu fecho os olhos e lembro dos banhos de chuva, das brincadeiras com o he-man, dos banhos de banheira e de uma cena na casa do meu pai que enquanto um tocava violão o outro junto de meu pai cantava Back In The U.S.S.R. e de ver aquilo meu coração parecia que não ia caber no peito de alegria e amor.

Porque se tudo der errado, porque se eu não tiver ninguém... Eu tenho Minha Coisa e Meu Ser. Meus melhores amigos, meus exemplos, meus amores...

terça-feira, agosto 17, 2010

Frio...

A maioria das pessoas não gosta de frio...
A maioria das pessoas reclama do frio...
Para mim, a maioria das pessoas está errada.

O frio sempre me fez bem. Sempre me fez pensar em coisas felizes. Sempre me fez ver as cores mais bonitas, mesmo nos dias nublados. Sempre fez com que eu me sentisse viva.

No frio as pessoas têm que se aproximar. No frio as pessoas sorriem menos, mas abraçam mais. Sei que um sorriso pode ser lindo, mas há algo no abraço que me encanta... No frio nos percebemos mais as necessidades alheias, percebemos mais o frio dos outros... No frio, eu nunca me sinto só. Tudo isso me faz amar o frio.. Mas... 

Mas... Sabe aquele momento em que você sai na rua em um dia muito frio inteiro coberto por milhões de roupas e o vento atinge seu rosto? Para mim, poucas coisas fazem com que eu me sinta mais viva. Aquele vento que dói, corta, arde... Aquele vento faz com que eu sinta que faço parte de algo maior.

Calma, calma... Não vou justo na minha primeira postagem falar de Deus e credo, falo de natureza, mundo...

Aquele Vento faz com que eu sinta que sou parte pequena de um mundo grande. Sou parte de bichos, de terra, de árvores, de flores, de gentes, de ventos...

Acho que, no final das contas, foi esse vento que me fez amar tanto o frio. O vento que toda vez que atinge meu rosto faz com que eu sorria, pois eu não estou sozinha, eu faço parte dos ventos...