segunda-feira, setembro 26, 2011

Solidão e Melancolia



Sabe aquela coisa de estar se sentindo sozinha no meio de montes de pessoas? Eu sinto isso com freqüência. A tal solidão...

Não é necessária estar sozinha para me sentir assim. E também independe de a pessoa que está ao meu lado ser alguém que eu ame ou não. É só um sentimento dentro do peito que faz com que eu me sinta alheia ao mundo e as pessoas, e que aperta o peito.

Sempre liguei essa sensação com a melancolia que sinto. Aquele "nozinho" no meio do peito que as vezes está mais frouxo, as vezes mais apertado, mas sempre está lá. A melancolia tão ligada aos portugueses e seu fado e com a qual eu convivo faz muito tempo.

Melancolia e solidão para mim sempre andaram de mãos dadas. Dois apertos no peito que vivem dentro de mim e que eu não posso explicar para outras pessoas.

Ultimamente tenho resolvido me livrar deles. Abrir o peito, desfazer os "nozinhos" e respirar mais livre. Não é fácil e então eu cuido de um de cada vez.

Primeiro a melancolia... Um passo de cada vez. Entender que não, ela não faz parte de mim desde sempre, ela não é algo inerente à minha pessoa, que eu posso sim me livrar dela. Não há nada de errado em sentir tristeza vez ou outra, mas há tudo de errado em deixar com que isso passe a ser parte de você de forma que você nem sem lembra como é viver sem.

Os nós tem se soltado, o peito está sim mais aberto, parece que ela não está ali sempre ou, se está, não é tão forte ou tão incômoda. Aos poucos eu vou me livrar dela, e quando me livrar corro para mandar embora a solidão.

O mais legal é que percebo cada vez mais como as duas estão ligadas, pois me livrando da melancolia, sem querer, tenho sentido cada vez menos só.

quinta-feira, setembro 22, 2011

O Grito.



Tem dias que eu me pego querendo ser outra pessoa. Não outra pessoa por completo, não mudar tudo que tenho, mas algumas coisas.

Dias que eu me pego querendo ser capaz de gritar com as pessoas que me machucam. Querendo responder as grosserias do mundo e querendo simplesmente dizer que eu também fico brava.

Todos que me conhecem dizem que eu sou brava, que eu sou irritada, que eu perco fácil a paciência, o que elas não percebem é que de brava eu tenho pouco, eu sou mesmo é contida. Poucos são os que já me ouviram gritar ou responder de verdade o que eu acho ou levantar para me defender.

Pode estar aí o grande problema da coisa, eu defendo os outros. Ai de quem mexer com aqueles que eu amo e eu quero bem. Mas para dizer "Não fala assim comigo!"... demora. Muito.

Hoje é um dia em que eu simplesmente queria poder gritar. Gritar para o mundo, que sim eu sei que não faço tudo que deveria, mas faço o que posso, do jeito que posso e que também fico frustrada comigo, portanto ninguém precisa ficar apontando todos os meus erros.

Hoje era um dia em que eu queria simplesmente gritar e tirar esse coisa de dentro do peito.


Contudo, eu respiro fundo e fico quieta, tento entender e relativizar o que me dizem, porque afinal ninguém tem a obrigação de saber que está me machucando, já que eu sou incapaz de falar.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

O Discurso do Rei



Eu sempre amei cinema. Filmes sempre me fizeram feliz, mesmo quando me fazem chorar. Posso rever filmes que gosto mil vezes e mesmo assim continuar gostando e uma sala de cinema, para mim, é algo mágico.

Eu sempre amei cinema, mas de uns tempos para cá o encantamento diminuiu. Fui perdendo o gosto de ir ao cinema. Perdendo o gosto por ver coisas novas.

Acho que muito tinha com o fato de que em muitos filmes os efeitos especiais serem a principal oferta e não a história. E também com o fato dos efeitos especiais terem tomado o lugar das boas atuações. Isso me irritava e me deixava triste.

Quando vi que O Discurso do Rei estava saindo, imaginei que poderia ser interessante, que eu poderia querer ver. Tudo muito sem uma real vontade. Dai vi o elenco com Geoffrey Rush e Colin Firth e a vontade aumentou um pouquinho. Afinal, são dois atores brilhantes, talvez o filme fosse mesmo bom. Quando vi o trailer me encantei. Prometi que iria ver e que sairia do meu jejum de cinema.

Que bom que eu cumpri com a minha promessa. Que bom que fui ao cinema para assistir esse filme.

Tudo ali gira em torno de três grandes atores - e não é que a Helena Bonham Carter pode voltar a fazer algo em que ela não tenha que ser estranha - que sabem o que fazer com o roteiro que lhes foi dado e que sabem atuar.

Para mim, foi isso. Um filme com lindas e grandes atuações. Simplesmente isso. Graças a Deus. Um filme que fala de superação, de realeza e tem todos aqueles ingredientes de filme para dar certo, mas que no fundo só da certo porque aquelas três pessoas sabem exatamente o que fazer e saber o seu limite sem interferir no limite do outro.

Muitos disseram que a Helena Bonham Carter desaparece no filme, eu não concordo, acho que ela faz exatamente o que tem que fazer para o papel que lhe foi dado, e faz lindamente.

Colin Firth está maravilhoso, toma para si o filme inteiro e mostra que é um grande ator. Quase morri de rir nas cenas de palavrão e porque ele as fez maravilhosamente bem, não só porque o texto é bom.

Mas para mim foi Geoffrey Rush. Ele não é melhor que os outros dois. Não é isso que estou falando, mas ele me encantou. Ele me encantou justamente por saber o exato tamanho do seu papel e por dar o espaço para que quem brilhasse fosse o Colin Firth, sem nunca deixar de ser notado.

Não estou me importando se o filme vai ganhar o Oscar, não ligo se as pessoas falam que ele é medíocre ou apenas correto. Que ele segue uma formula para ser bom. Que o diretor não teve trabalho - para mim ele foi apenas esperto o suficiente para perceber que com o grupo de atores que tinha não precisava fazer muito e sim tinha é que não interferir. O que me importa é que esse foi o filme que fez com que eu visse que ainda existem filmes que são apenas sobre as atuações. Sobre grandes atores fazendo um lindo trabalho com o roteiro que tem. Sem grandes efeitos, sem grades reviravoltas. Esse foi o filme que me fez voltar a gostar de cinema.